Por Letícia Fossati
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3 de maio de 2020
Bullying é a prática recorrente de comportamentos agressivos e intencionais, sendo expresso de diversas formas: verbal, físico, social, emocional, em relacionamentos, pela internet, ou a combinação destas formas. É uma palavra derivada da língua inglesa, onde “bully” é sinônimo de “valentão/valentona” e com sufixo “ing”, caracteriza uma ação contínua; gerado por um desequilíbrio de poder, ocorre repetidas vezes durante um período de tempo. É uma atitude espontânea, e não reativa a uma provocação. O bullying comumente ocorre entre crianças e adolescentes, em locais sem a supervisão de adultos, como pontos de ônibus, banheiros, corredores, pátios de escola, sala de aula, entre outros. Os atos de bullying causam dor e angústia em suas vítimas. Tais atos podem ocorrer sob a forma de discriminação, chacota, provocação, apelidos pejorativos, humilhação, criação de boatos, intimidação, ameaças verbais, exclusão e até agressão física. A história do bullying O bullying não é algo recente. Antigamente as atitudes agressivas eram consideradas como normais e inevitáveis no desenvolvimento da criança e do adolescente. As ações de bullying faziam parte das brincadeiras e quando as vítimas recorriam aos pais, estes os estimulavam a revidar, a fim de torná-las mais fortes e assim reforçando seu caráter. Ocorre que, no entanto, nem toda criança e adolescente possui autoestima suficiente para enfrentar o bullying. Até 1970, esta prática não era considerada um problema social. Dan Olweus, pesquisador e professor de Psicologia da Universidade de Bergen, na Noruega, fez o primeiro estudo científico em larga escala sobre o assunto entre crianças e jovens. A partir deste, as pessoas começaram a perceber a magnitude do problema. Na década de 80 o Dr. Olweus conduziu um estudo onde realizou a primeira intervenção contra o bullying no mundo, intitulada como “Programa de Prevenção do Bullying”. Atualmente este pesquisador é considerado a maior autoridade mundial no assunto. Na década de 2000, o fenômeno do bullying ganhou projeção na mídia nacional e internacional, tornando-se então um assunto conhecido até os dias atuais. Tipos de bullying e as suas características: - Bullying físico: puxões de cabelo, beliscões, empurrões, tapas, chutes, socos, esconder ou destruir objetos. Podem ser gestos de ameaças, ou invasões de privacidade; assédio sexual como, por exemplo, levantar a saia de meninas ou abaixar as calças de meninos. - Bullying social não verbal: gestos como apontar, olhar insistentemente, rir, fazer caretas ou gestos obscenos para a vítima. - Bullying social verbal: apelidos, sarcasmo, xingamentos, maledicência, comentários, bilhetes de ameaças, cochichos maldosos, falsa amizade, rir dos erros dos outros, contar mentiras, discurso preconceituoso, ameaças, trotes telefônicos, fazer piadas com relação a aspectos físicos, etc. - Bullying social psicológico: fazer exclusão de forma proposital, isolamento, marginalização, ignorar o outro. - Bullying em relacionamentos: a vítima se sente excluída ou maltratada em virtude de sua posição social. - Bullying emocional: utiliza-se de manipulação para conseguir o que se deseja. Exige exclusividade e isola a vítima de todo o grupo. - Bullying de extorsão: de dinheiro, comida, de objetos pessoais. Normalmente a vítima é mais jovem, menor ou mais fraca. - Bullying direto: a vítima é confrontada pessoalmente. São atitudes que ocorrem em público. - Bullying indireto: quando a reputação da vítima é destruída ou prejudicada. - Cyberbullying ou bullying virtual: Ocorre através de ferramentas tecnológicas, como celulares, computadores, através da internet e seus recursos como as redes sociais, aplicativos de mensagem, e-mails, com a publicação ou envio de textos, fotos, vídeos. Os agressores se valem do anonimato e conseguem atingir as vítimas de forma perversa. As vítimas do bullying São pessoas inibidas, passivas e submissas que costumam sentir vulnerabilidade, medo ou vergonha intensa. Geralmente possuem baixa autoestima, estimulando assim a possibilidade de vitimização continuada. A diferença entre meninos e meninas está no tipo de agressão utilizada e não na incidência de agressão nos diferentes gêneros. A importância da autoestima na adolescência Certo nível de autoestima é crítico para o bom funcionamento do adolescente, uma vez que ela pode contribuir significativamente para a sua autoconfiança. A autoestima afeta o adolescente de maneira intensa na forma de lidar com o ambiente. Crianças e adolescentes com boa autoestima persistem mais e fazem mais progressos diante de tarefas difíceis do que aqueles com uma baixa autoestima. A posição que as crianças e os adolescentes ocupam entre seus pares é extremamente importante, uma vez que a autoestima é uma função deste status dentro do grupo. As crianças cujos pares não gostam dela, tem menos oportunidades de desenvolver suas habilidades sociais. A autoestima está relacionada à saúde mental e ao bem-estar psicológico, sua deficiência pode se relacionar com certos fenômenos mentais negativos como depressão ou até ideias de suicídio.