Autismo - Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O autismo foi descrito pelo médico e pesquisador austríaco Léo Kanner, em 1943, como um transtorno de desenvolvimento grave que prejudica a capacidade de comunicação e de interação. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o transtorno de espectro autista (TEA) é tido como uma irregularidade no processo de neurodesenvolvimento, ou seja, o indivíduo possui algumas funções afetadas, como é o caso da comunicação, do comportamento e da interação social.

Dentre os sintomas do autismo, o isolamento social é um dos mais lembrados, entretanto o problema não é caracterizado somente este motivo. O autismo se caracteriza por um comprometimento em diversas áreas do desenvolvimento, tais como, a interação social recíproca, o relacionamento com pessoas, a falta de interesse e prazer com os outros, uma percepção comprometida de sua existência e empatia, são estes alguns sinais que podem ser indicativos do problema.

O afastamento social pode ser facilmente confundido com timidez. As manias que persistem em se reproduzir no dia a dia, tendem a ser notadas como personalidade da criança. A demora em andar e falar, comumente recebe o nome de preguiça pelos adultos. Embora esses sinais sejam comuns na fase da infância, podem indicar muito mais do que apenas um jeito de ser. Quando falamos em transtornos da mente é importante estarmos atentos aos mínimos detalhes. Não são raros os casos em que por desinformação, as características do autismo são atribuídas a comportamentos normais das crianças.

Por isso, é muito importante que as particularidades desses distúrbios sejam compreendidas, principalmente por pais e responsáveis, pois, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) se manifesta bem cedo; avaliar a situação para procurar ajuda o mais rápido possível é essencial para o bem-estar da criança.

Características do Transtorno do Espectro Autista - TEA

O TEA caracteriza-se por deficiências persistentes na comunicação social e na interação social em diversos contextos, incluindo déficit na reciprocidade social em comportamentos não verbais de comunicação usados para interação social e em habilidades para desenvolver, manter e compreender relacionamentos. 

Além dos déficits na comunicação social, o diagnóstico do TEA requer a presença de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.
Considerando que os sintomas mudam com o desenvolvimento, podendo ser mascarados por mecanismos compensatórios, os critérios diagnósticos podem ser preenchidos com base em informações retrospectivas, embora a apresentação atual deva causar prejuízo significativo.

Níveis de gravidade para o TEA

Segundo o DSM-5, o TEA apresenta três níveis de gravidade em relação à comunicação social e aos comportamentos restritos e repetitivos.

Nível que exige apoio

- Comunicação social: pode parecer apresentar interesse reduzido por interações sociais. Na ausência de apoio, a deficiência na comunicação social causa prejuízos observáveis.
- Comportamentos restritos e repetitivos: dificuldade em trocar de atividade, problemas para organização e planejamento são obstáculos à independência. Inflexibilidade de comportamento que causa interferência significativa no funcionamento em um ou mais contextos.

Nível que exige apoio substancial

- Comunicação social: apresenta déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal, prejuízo social mesmo na presença de apoio, limitação em dar início a interações sociais e resposta reduzida a aberturas sociais que partem de outros.
- Comportamentos restritos e repetitivos: inflexibilidade de comportamento, dificuldade de lidar com a mudança ou outros comportamentos restritos. Comportamentos repetitivos aparecem com frequência e interferem em vários contextos.

Nível que Exige apoio muito substancial

- Comunicação social: apresenta déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal causando prejuízos graves de funcionamento. Grande limitação em dar início a interações sociais e resposta mínima a aberturas sociais que partem de outros.
- Comportamentos restritos e repetitivos: inflexibilidade de comportamento, extrema dificuldade em lidar com a mudança ou outros comportamentos restritos, repetitivos que interferem acentuadamente no funcionamento em todas as áreas, causando grande sofrimento e dificuldade para mudar o foco ou as ações.

Diagnóstico

O diagnóstico do autismo é clínico, ou seja, necessita ser feito através de observação direta de comportamento, por profissionais especializados, que sejam capazes de observar o indivíduo em vários contextos.
Esses comportamentos, segundo o DSM-5, podem ser movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos, insistência em um mesmo tema, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento, interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco, baixos ou elevados níveis de reação a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos do ambiente. 

Pelo menos duas dessas reações devem ser observadas para um diagnóstico de TEA.
Além dos aspectos de comportamento, outra característica fundamental para identificar o autismo é observar se há prejuízo na comunicação social evidenciado pela dificuldade de manifestar e perceber sentimentos, além da falta de habilidade de estabelecer comunicação verbal ou não verbal, por exemplo.

Algumas características que apoiam o diagnóstico

Muitos indivíduos com TEA possuem comprometimento intelectual ou da linguagem, como, por exemplo, retardo na fala e compreensão da linguagem aquém da produção. Mesmo aqueles com inteligência média ou alta, apresentam perfil irregular de capacidades.

A ocorrência de déficits motores está constantemente presente, incluindo falta de coordenação ou outros sinais como, por exemplo, o ato de caminhar na ponta dos pés. Podem ainda ocorrer comportamentos do tipo desafiadores, os quais são mais comuns em crianças e adolescentes com TEA. Adolescentes e adultos com TEA são propensos à ansiedade e depressão.

Tratamento

O tratamento para o transtorno do espectro autista é fundamental para que os seus impactos sejam reduzidos. Apesar do autismo não ter cura, a intervenção ideal pode ser considerada aquela composta de equipe multidisciplinar, com psicólogo, psiquiatra, fonoaudiólogo, psicopedagogo, neurologista, e outros profissionais que se façam necessários. 

Caso você queira saber mais sobre o TEA, busque a ajuda de profissionais da área que possam lhe auxiliar.